Com o crescimento populacional ao longo dos último séculos, a demanda por alimentos também aumentou significativamente, com isso, alguns mecanismos foram criados, buscando atender a produção exigida. Um exemplo dentre esses mecanismo foi o desenvolvimento das substâncias denominadas agrotóxicos, também chamados de defensivos agrícolas.
De acordo com a Fiocruz, o Brasil se tornou o país que mais consome agrotóxicos em 2017 e com isso, o país enfrenta alguns problemas no que diz respeito a seguridade na utilização dessas substância. Isso porque o uso desenfreado, muitas vezes não respeitando doses, época de aplicação e formas de aplicações pré-definidas resulta na contaminação de corpos d’água, solo e até mesmo o ar.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os agrotóxicos são produtos químicos sintéticos utilizados com a finalidade de eliminar insetos, fungos, bactérias e plantas invasoras nos cultivos agrícolas, podendo estar presente também em ambiente urbano.
No Brasil essas substâncias são regulamentadas pela “Lei de Agrotóxicos nº 7.8022, de 1989” e fiscalizada pelo Mapa, Ibama e Anvisa, devendo atender diversos requisitos, levando, atualmente, cerca de 7 anos para ser liberado. Através de análises criteriosas, esses órgãos são capazes de atestar a eficiência do produtos, além da seguridade e determinação adequada de doses, período de aplicação e descarte, buscando evitar justamente problemas com a contaminação.
Outro ponto importante na utilização de agrotóxicos no país, é a presença da bula nas embalagens e as regras de venda que os estabelecimentos devem seguir, só podendo ser feita a comercialização perante a apresentação de um receituário agronômico devidamente assinado por engenheiros agrônomos.
Como falado anteriormente, a finalidade do agrotóxico varia de acordo com o que se deseja controlar, com isso, a classificação dos agrotóxicos pode estar relacionada ao grupo funcional presente no produto, porém é mais conhecida a classificação baseada na natureza da praga ou doença enfrentada, como por exemplo, inseticidas, que combate insetos, fungicidas que combate fungos ou herbicidas que combate ervas daninhas.
Relacionado a isso, tem-se o agrotóxico mais utilizado e conhecido na agricultura, que é o glifosato, famoso herbicida, utilizado em grãos, algodão, cereais, frutas, entre outros.
Outra forma comum de classificar os defensivos agrícolas é através de suas classes toxicológicas, sendo o vermelho vivo, classe I de extrema toxicidade, vermelho; classe II, altamente tóxico, amarelo; classe III e moderadamente tóxico, azul; classe IV pouco tóxico, verde. Com essa identificação o produtor consegue perceber facilmente os riscos e cuidados que devem ser tomados.
De acordo com dados apresentados pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados durante a Audiência Pública, entre 2007 e 2014 aproximadamente 8 pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos por dia. A intoxicação pode ocorrer por contato direto, oriundo do preparo ou aplicação do produto, ou por contato indireto que ocorre por contaminação da água ou alimentos.
A Anvisa foi responsável no ano de 2018 por um relatório do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) pesquisa relacionada a intoxicações que podem ocorrer no período de 24 horas após o consumo do alimento e como resposta obtiveram alguns exemplos, como o potencial de risco agudo em 90 laranjas de 744 amostradas e 6 com o mesmo potencial de 228 amostras de couve.
A contaminação por agrotóxicos pode resultar em muitos problemas à saúde humana, variando entre intoxicação aguada que possui como sintomas náuseas, dificuldade respiratória, vômitos, diarreia e podendo alcançar o coma e morte. Já a intoxicação crônica pode causar distúrbios comportamentais irritabilidade, ansiedade, alteração do sono e da atenção, depressão, cefaleia, fadiga e parestesias.
Há recomendações para primeiros socorros dependendo da via pelo qual a intoxicação ocorre, como por exemplo, através da pele, no qual o procedimento é a retirada de roupas, limpeza da pele com sabão por no máximo 10 minutos, caso a contaminação chegue aos olhos é indicado a lavagem em água corrente por 15 minutos, veja aqui todas as recomendações.
Atualmente a maior contaminação ocorre no campo, no momento de aplicação e deve ser avaliado, pois em grande parte dos casos os acidentes acontecem devido a não utilização de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) pelos funcionários. A quantidade presente nos alimentos está associada principalmente a usos incorretos da dose e aplicação excessiva, derivada, em grande parte, por falta de conhecimento técnico, principalmente após o início do uso desses produtos.
Entretanto, com o passar dos anos, novos profissionais foram treinados e a orientação técnica passada para produtores, em várias escalas comerciais, com isso a contaminação associada a aplicações incorretas de agrotóxico diminuiu. Apesar de ainda existir, no ano de 2018, de acordo com o Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC), 97% dos produtos vegetais estavam dentro dos limites estabelecidos.
A discussão que ainda se tem está relacionado a competência da fiscalização e as substâncias permitidas de serem utilizadas no Brasil, sendo este, o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo, comprometendo inclusive a exportação de alguns itens, isso porque os países importadores não permitem a entrada de alimentos cultivados com algumas composições específicas, por julgarem perigosas ao consumo humano e meio ambiente.
De acordo com os estudos realizados desde 2010 foi demonstrados alguns impactos que o uso de agrotóxico vem causando, dentre eles há a presença de Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) no solo, que pode resultar em morte de diversos organismos que beneficiam o desenvolvimento de diferentes espécies vegetais.
É apontado também o uso da substância benalaxil que causa a degradação da microbiota aquática. Além disso, algumas substâncias, como o Hexaclorociclohexano (HCH), apesar da já proibido ainda podem ser detectados em diferentes corpos d’água.
Por fim, conclui-se que os passivos ambientais gerados pela presença desses produtos no solo, água e ar, a flora terrestre e fauna aquática é diretamente prejudicada, podendo também causar graves consequenciais à saúde humana ao longo dos anos, isso porque, esses compostos possuem a capacidade de gerar mutações celulares que podem estar associados ao câncer, porém ainda é área de discussão na medicina, não havendo um consenso sobre o assunto.
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